Numa entrevista que concedi a um grupo de alunas no início
do mês de setembro de 2011, uma das perguntas foi: “se o senhor não
fosse padre, o que seria?” Respondi que minha vida é “focada” nas escolhas que
fiz no passado e faço no presente, nunca no “que seria se não fosse”, pois do
ponto de vista da existência, não se perde tempo pensando “no que seria”, mas
“no que se é”. E eu sou Padre.
Ora, o homem vive no tempo e no espaço. O tempo e o
mundo exterior correm a revelia da sua vontade, provocando, inclusive, mudanças
no seu próprio “mundo interior”. Necessariamente, se quiser graduar
progressivamente as diversas dimensões de sua vida, ele terá que “não perder tempo”.
É saudável que, desde cedo, o homem procure
determinar numa escala de valores, o que é mais importante para sua vida,
levando em consideração não exclusivamente o individual, mas também o coletivo.
Afinal ele não está sozinho no mundo, vive numa sociedade que, naturalmente, é
bem pluralista.
Tendo consciência do que é mais e o que é menos
importante no momento presente, é fundamental se direcionar para um objetivo.
Esse direcionamento quando é executado, vivido de forma responsável, o tornará
vencedor. É aí que ele vai sentir-se “realizado”. Porém, uma vitória alcançada
não significa um projeto concluído. Uma vez que a vida continua, a formação
dentro do contexto do que se alcançou e também da existência, é permanente. A
realização humana não é estática, mas dinâmica. Quanto mais for vivida,
querida; mais o homem vai sentir a necessidade de se aperfeiçoar.
É deste ponto de vista que não há razão para se
perder tempo “divagando” sobre perspectivas ou situações que não correspondam a
sua vida presente. De fato, não importa a ele “o que seria se não fosse o que
é”, mas importa e muito, o que ele é no presente.
Portanto, viva a vida de forma intensa no presente,
como perspectiva de futuro, sem se prender ao passado ou ao que “seria se não
fosse”!
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