segunda-feira, 5 de setembro de 2016

MINHAS MEMÓRIAS - IV - Foi mais ou menos assim...


Olhando a foto de uma criança, de pé, à frente de uma residência, fixada numa TV que está em uma das janelas, me fez voltar a um passado distante, mergulhar nas páginas do meu livro da vida, buscar nos “arquivos” da memória fatos vividos, “enxergados” não mais com o olhar de uma criança, mas de um adulto saudoso de tempos que não voltam mais...

Não foi exatamente assim... Só sei que foi mais ou menos assim...

Final da década de sessenta, início dos anos setenta. Santana do Ipanema a “Rainha do Sertão” tinha sua importância dentro do contexto sócio, político, econômico da época. Cidade pequena, típica do interior, cortada pelo rio que motivou seu nome, “Ipanema”... Era o meu “céu” e o meu “inferno”. Raramente saía da cidade a não ser para ir à casa de meus avós e tios, nos sítios das redondezas.

Terminado o curso primário havia ingressado no Curso de Admissão promovido pelo Pastor Bonfim. Isso porque queria me preparar bem para ingressar no ginásio, o que chegou a acontecer no início de 1971.

Residia à Rua Delmiro Gouveia, conhecida como Rua da Poeira no bairro da Camoxinga. Nessa rua não havia calçamento e as casas eram todas bem humildes. TV era um luxo exclusivo a poucas famílias na cidade.

Na minha rua havia apenas uma família que tinha TV em casa. Era na residência de “dona Mona”. Uma TV 14’’, preto e branco, que recebia o sinal por uma antena “pé-de-galinha”, cuja imagem não era muito nítida, mas encantava a plateia que se formava a frente da casa em algumas noites enluaradas, ou não para assistir a um seriado ou a um show qualquer...

E eu estava lá...

“Dona Mona” colocava gentilmente a TV na janela e enquanto o povo, sentado ou em pé, na rua ou na calçada, não somente assistia o que estivesse passando, mas também degustava picolés ou “geladinhos”, fabricados e vendidos por ela própria.

Quando sabia que a TV estava na janela ficava numa ansiedade sem igual. Não sei se era mais para assistir TV ou se era para degustar os picolés da “Dona Mona”.

Saudades saudáveis dos momentos bons do passado...

Não foi exatamente assim... Só sei que foi mais ou menos assim...

[De minha autoria]

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