sexta-feira, 30 de junho de 2017

FAZER-SE UM COM O OUTRO



            Na manhã de 30 de junho desse ano de 2017, uma sexta-feira chuvosa, estava eu em Palmeira dos Índios para participar de uma reunião, em companhia de outros irmãos sacerdotes, quando, antes do seu início, um deles mostrou um livro intitulado “ANSIEDADE – Como enfrentar o mal do século”, de autoria de Augusto Cury, médico psiquiatra, professor e escritor. Interessei-me, de imediato, pelo título do livro e pelo autor. Peguei-o, dei uma breve folheada e minha atenção focou numa frase que estava grifada: “Não existem mentes impenetráveis, e sim chaves erradas”. Imediatamente, senti o impulso de escrever um texto sobre essa frase. Não quis mais ver o restante do teor da obra, justamente para não “viciar” o que eu ansiava por escrever. Pedi para meu amigo que, quando acabasse de ler, me emprestasse o livro.

            Independentemente dos assuntos tratados na reunião, passei a manhã inteira com essa frase na memória. Após o almoço, no início da tarde, retornando para Major Izidoro, minha paróquia, associei a frase a um caso, não me recordo se baseado em fatos reais, mas que assistir a alguns anos atrás, não me lembro se na TV Cultura, TV Educativa, ou mesmo TV Escola. A história foi, não exatamente, mas, mais ou menos assim:

           O cenário era uma cidade europeia. Um casal tinha um filho, ainda criança, e o avô, pai da mãe da criança residia com eles. Periodicamente, o avô estava sofrendo algumas crises de Alzheimer, e, quando entrava em crise dava um pouco de trabalho para sair dela, inclusive, em alguns momentos, manifestava um pouco de violência. Chegou ao ponto de o casal pensar em colocá-lo num asilo.

          Certa noite, eles dormiram e, na madrugada, acordaram com o diálogo entre o neto e o avô que acontecia, nos aposentos do idoso. Sorrateiramente, eles se aproximaram e ficaram observando os dois conversarem:

           Em tom de reclamação, dizia o avô: - O trem passou, eu acenei com a mãe e ele não parou aqui na estação para que eu pudesse pegá-lo. Eu fiquei sem viajar...

           O neto falou: - Vovô não se preocupe, logo, logo passa o outro trem...

         O avô replicou: - E se eu dormir? Quem vai dá o sinal para que ele pare!?

         Disse o neto: - Eu espero, e, se o senhor dormir eu lhe acordo...

       Entre uma fala e outra, o avô acabou adormecendo. O neto o cobriu com o lençol e ao sair dos aposentos, encontrou-se com seus pais.

            Os pais abraçaram seu filho e foram colocá-lo, também para dormir. Em seguida, conversaram entre si chegando à conclusão de que mais do que falar, opinar levando em consideração somente seus próprios conceitos e preconceitos, é necessário entrar, penetrar no mundo do outro para poder compreendê-lo e este possa retribuir a essa compreensão e confie mais naquele que lhe oferece ajuda a ponto de facilitar a resolução de muitos dos problemas existenciais.

       Muito bem! Cada pessoa tem um mundo particular, interior. Esse mundo foi ou é tecido ao longo da vida dela a partir das impressões, escolhas decisões, tendências... O que venha a acontecer ou mesmo desenvolver psicológico, somático ou existencialmente com a pessoa, vai estar impregnado disso.

Entrar no mundo do outro! De meu ponto de vista, essa é a chave de que fala Augusto Cury. Não é impondo nossa vontade, nossa forma de pensar e viver, sem levar em consideração tudo que envolva o outro que vamos resolver os problemas dele. Isso não quer dizer que nos façamos iguais aos outros, pois sabemos ser impossível; mas ser um com o outro. Isso é totalmente diferente.

Amar, solidarizar, compadecer-se das aflições do outro, não simplesmente de forma sentimental, mas existencial. Isso apaziguará muitos corações...

Foi assim que a criança, mesmo inocentemente, fez para acalmar o avô, tirando-o de uma crise que poderia acabar em agressividade.

E você? O que acha disso?

[De minha autoria]

quarta-feira, 21 de junho de 2017

CICATRIZES OU FERIDAS?



            Um dia desses, garimpando em uma rede social, encontrei a seguinte frase: O problema não são as cicatrizes. O Problema é olhar para elas, e lembrar de quem as deixou”.

            Pensando, e repensando, cheguei à conclusão de que a ideia que tal frase transmitia não condizia muito com a verdade, pelo menos, do meu ponto de vista.

            Ora, cada pessoa é livre para fazer suas opções, tomar suas decisões ao longo de sua vida. Por mais que ela possa ser induzida por outros ou por situações diversas ou adversas, é ela quem decide sobre sua vida; o que quer, o que não quer, o que busca, o que não busca...

            A cada decisão que a pessoa toma, naturalmente ver-se-á envolvida pelas consequências resultantes dessa decisão. Se faz escolhas certas e decide por elas, certamente que se alegrará de imediato, a médio ou a longo prazo, pois tudo que é justo correto do ponto de vista moral, ético tende ao bem; se as escolhas forem erradas, igualmente sofrerá as consequências.

            Partindo dessa forma de pensar, as cicatrizes, pelo menos a maioria delas, normalmente são consequentes de decisões tomadas pela pessoa, e o pior, também em muitos casos, da insistência em permanecer no erro, ou continuar incorrendo nele.

            A questão não está em olhar para as cicatrizes para pensar em quem as possa ter deixado; agir dessa forma seria uma espécie de masoquismo (querer sofrer, conscientemente). Se fizer isso, estará abrindo as feridas do passado, ou mesmo, dando sinais que, o que estar chamando de cicatriz, não as são de fato, pois ainda são feridas, portanto, ainda não cicatrizaram. Tanto é, que ainda incomoda a pessoa... Cicatrizes não incomoda quem quer que seja, o que incomoda são as feridas!

            Na verdade, as cicatrizes devem ser vistas apenas e tão somente como sinais de que um dia a pessoa passou por alguma situação que possa até ter lhe causado algum dano. Nesse caso, fustigá-la no sentido de “reviver” problemas, não vem ao caso. Quem sabe, apenas para tirar lições de vida!

            É isso o que penso!

            E você? O que diz sobre isso?

[De minha autoria]

sábado, 10 de junho de 2017

JUSTIÇA INJUSTA: “A CORDA SEMPRE ARREBENTA DO LADO MAIS FRACO”


             O resultado do julgamento no TSE sobre a chapa Dilma/Temer, cujo desfecho foi 4x3 em favor da chapa, rejeitando, assim, sua cassação; um tweet que li e uma mensagem recebida pelo Whatzapp me fez escrever esse texto.
             Na íntegra, o que dizia o tweet e a mensagem?

Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação.”
[@AnaPaulaVolei]

O ladrão é preso com um porco nas costas, ao sair do sítio da vítima. Ele perguntou ao policial: - como foi que o senhor me prendeu tão depressa? O policial respondeu: - o vizinho denunciou; ele viu quando você entrou no sítio da vítima. O ladrão respondeu: - então eu tenho de ser solto imediatamente, porque o porco que eu roubei ainda não estava nas minhas costas quando entrei no sítio, portanto não era parte da denúncia quando ela foi apresentada. Então se desconsiderarmos o porco, não temos roubo nenhum. O policial deu uma porrada no meliante, enfiou ele no camburão e disse: - Está pensando que isto aqui é o ...!!!

            Em relação a frase do tweet, eu discordo da forma genérica como foi emitida. Muitos respeitam a Constituição. E eu sou uma dessas pessoas. Pode ser até que em um momento ou outro, dê uma escorregada, afinal sou humano. O fato de acreditar no futuro é uma questão de se ter esperança em dias melhores. Quem perde a esperança perde o sentido da vida!

            Já em relação a mensagem do Whatzapp – providencialmente, omiti o finalzinho para não incorrer em possibilidade de um processo, pois estamos no Brasil, onde a maioria das vezes a injustiça prevalece a justiça – reflete exatamente a conjuntura que estamos vivendo.

            O problema não é “ninguém respeita a constituição”, mas como ela está sendo interpretada por quem tem o direito maior dessa finalidade, usando-a explicitamente mais a favor do réu do que da vítima.

            A nação inteira sabe quem são parte dessa corja que está no poder. Frequentemente “estouram” problemas dos mais diversos relacionados a roubalheiras e corrupções. Mas o “nada sei”, “não vi”, “não ouvi”, “não é meu”, “é do meu amigo”, “não fiz”, “desconsidere isso”, “desconsidere aquilo”... são uma constante.

            Enquanto isso, o povo vai pagando a conta e assumindo por livre e espontânea pressão os delitos dos “colarinhos brancos”. Sim, porque os “buracos” abertos têm que serem fechados e, o ditado popular “a corda sempre arrebenta no lado mais fraco”, vai se tornando cada vez mais uma verdade na vida desse mesmo povo sofrido.

            E você!!! O que acha???

                                                                                     [De minha autoria]