quarta-feira, 5 de julho de 2017

SEDE MISERICORDIOSOS, COMO TAMBÉM VOSSO PAI É MISERICORDIOSO (Lc 6,36) - Retiro do Clero de Palmeira dos Índios-2017 – A ESCUTA - 5ª Conferencia – tarde de 05 de julho de 2017



            Essa palestra foi iniciada com o pregador, Pe. José Augusto fazendo um retrospecto das reflexões anteriores. Recordou as “quatro noites” (“amor sublime”, a noite que antecede a criação; a “noite de Abraão”, da fé; a “noite de Moisés”, noite da esperança transformadora e a “noite do Messias” a noite do Amor crucificado), como experiência desses nossos grandes pais da fé e que devem ser modelos de “caminhos” para nós; de como devemos experimentar, viver no dia a dia a presença de um Deus que é mais próximo de nós do que nós possamos imaginar.

            O itinerário da fé deve nos levar a viver uma experiência que vai nos colocar sempre num amanhã, sem conclusão, numa expectativa de libertação...

            Relembrou brevemente as reflexões sobre a experiência do ministério pela Palavra e pela Eucaristia. Palavra, a qual somos guardiões; da qual lançamos mão para evangelizar e ser evangelizado, proclamar e também ser ouvinte, oferecer como caminho e caminharmos por ela; e que, sem ela não existe Igreja renovada. A Eucaristia, experiência do agir de Deus, onde o Sacerdote não é mero expectador, mas se imola com Cristo.

            Disse o pregador: Hoje, nos perguntamos: como no nosso ministério ordenado vivenciamos o caminho presbiteral?

            Não podemos nos ver fora desse caminho de comunhão, fora da comunhão com os outros padres e bispo.

            A partir desse ponto, nesse contexto, foi refletido 1Rs 19.

            O Profeta Elias nos ajuda nessa experiência do caminho. Fugindo de Acab que prometeu, em nome de seus deuses, dar fim a vida de Elias, ele se amedronta e parte para escapar da morte. No deserto, ele acaba desejando a morte. Sente-se frágil, impotente.

Elias passa por etapas semelhantes a já tratadas na palestre sobre “O chamado ao discipulado”, quando foi falado sobre da 3ª Noite, a “noite de Moisés”, da esperança transformadora”, quando Moisés passou por três etapas até chegar a ser o que Deus queria que ele fosse: “utopia” (no tempo do Palácio), “desencanto” (na fuga para o deserto, quando se viu impotente), e no “caminho” verdadeiro (quando deu, de fato, ouvidos a Deus e acolheu o projeto divino). No caso de Elias, por que não dizer, “utopia”, antes de sua fuga para o deserto; “desencanto”, quando achava que tudo estava perdido, inclusive desejando a morte; e “caminho”, Após seu encontro com Deus no Horeb.

            Na caminhada da vida, também desanimamos. Isso acontece aquando a medida ainda é nossa. A partir do momento que abandonarmos a nossa medida e acolhermos a medida que Deus nos dá, a vida dá continuidade...

            Elias não contava com o inusitado de Deus. Deus supera em sua grandeza, não cabe em nossos esquemas.

            Apesar de Elias, num primeiro momento, ter-se deixado tocar pelo inusitado de Deus, ainda continuou amargo, triste, em crise profunda, tão comum no humano. Outra vez, deixou-se tocar. A partir daí, sim, vai aprender o novo caminho.

            O encontro com Deus abre novos horizontes. Damo-nos conta, a exemplo de Elias, que não somos nós, mas Deus é quem deve estar no comando.

            No Horeb, Elias não vai encontrar Deus onde ele pensa encontrar (vento impetuoso e violento que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; na terra que tremeu; no fogo aceso)... Elias encontra Deus onde menos pensou: no murmúrio da brisa suave...

            Temos que aprender que a iniciativa do encontro não é nossa, mas de Deus. Não somos nós com nossos esquemas prontos que determinamos onde Deus esteja. Ele é quem determina.

            O valente Elias acordou para a verdadeira felicidade, a felicidade que só pode ser encontrada em Deus. Já não é o “eu” de Elias que falará, mas Deus é quem falará para ele, por ele. O projeto humano não se sobrepõe ao projeto de Deus.

            Deus pede que Elias retome o caminho do deserto. A missão de Elias vai ser bem mais vasta do que ele imaginava.

            Assim também é nossa missão, que na verdade não é nossa, mas de Cristo.

            O Pe. José Augusto, referindo-se à Os 2,16, disse que é necessário que estejamos à escuta, no aguardo do chamado de Deus.

            É perigoso nos acomodar e achar que tudo já é suficiente. O coração humano sempre estará carente daquilo que só Deus pode nos oferecer. A cada etapa de nossa vida, Deus faz-nos enxergar o alargamento da missão.

            Falando sobre o capítulo 34 do profeta Ezequiel disse também que precisamos ver com clareza o exercício de nossa missão ministerial. Devemos celebrar com vontade, dignidade, unção cada Sacramento. Devemos cuidar com caridade pastoral pela santificação do rebanho, enquanto nos santificamos. A essência de nossa santificação é o ministério. Temos uma obrigação de orar pelo rebanho.

            Os segredos dos abismos, intimidade, misericórdia de Deus desvendam-se somente na cruz (noites da existência). É passando pela cruz que nos aproximamos mais de Deus. Assim conhecemos mais a nós e a Deus. Jesus na cruz é o testemunho do “louco” amor de Deus por nós.

            Para concluir essa palestra, foi sugerido que lêssemos Ez 34 e refletíssemos como estamos conduzindo a nossa vida de Pastor...

[Pe. José Neto de França]
Texto produzido àa partir de minhas anotações na conferência.

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