Essa
palestra foi iniciada com o pregador, Pe. José Augusto fazendo um retrospecto
das reflexões anteriores. Recordou as “quatro
noites” (“amor sublime”, a noite
que antecede a criação; a “noite de Abraão”,
da fé; a “noite de Moisés”, noite da
esperança transformadora e a “noite do
Messias” a noite do Amor crucificado), como experiência desses nossos
grandes pais da fé e que devem ser modelos de “caminhos” para nós; de como devemos experimentar, viver no dia a
dia a presença de um Deus que é mais próximo de nós do que nós possamos
imaginar.
O
itinerário da fé deve nos levar a viver uma experiência que vai nos colocar
sempre num amanhã, sem conclusão, numa expectativa de libertação...
Relembrou
brevemente as reflexões sobre a experiência do ministério pela Palavra e pela
Eucaristia. Palavra, a qual
somos
guardiões; da qual lançamos mão para evangelizar e ser evangelizado, proclamar
e também ser ouvinte, oferecer como caminho e caminharmos por ela; e que, sem
ela não existe Igreja renovada. A Eucaristia, experiência do agir de Deus, onde
o Sacerdote não é mero expectador, mas se imola com Cristo.
Disse
o pregador: Hoje, nos perguntamos: como no nosso ministério ordenado
vivenciamos o caminho presbiteral?
Não
podemos nos ver fora desse caminho de comunhão, fora da comunhão com os outros
padres e bispo.
A
partir desse ponto, nesse contexto, foi refletido 1Rs 19.
O
Profeta Elias nos ajuda nessa experiência do caminho. Fugindo de Acab que
prometeu, em nome de seus deuses, dar fim a vida de Elias, ele se amedronta e
parte para escapar da morte. No deserto, ele acaba desejando a morte. Sente-se
frágil, impotente.
Elias passa
por etapas semelhantes a já tratadas na palestre sobre “O chamado ao discipulado”, quando foi falado sobre da 3ª Noite, a “noite de Moisés”, da esperança
transformadora”, quando Moisés passou por três etapas até chegar a ser o que
Deus queria que ele fosse: “utopia”
(no tempo do Palácio), “desencanto” (na
fuga para o deserto, quando se viu impotente), e no “caminho” verdadeiro (quando deu, de fato, ouvidos a Deus e acolheu
o projeto divino). No caso de Elias, por que não dizer, “utopia”, antes de sua fuga para o deserto; “desencanto”, quando achava que tudo estava perdido, inclusive
desejando a morte; e “caminho”, Após
seu encontro com Deus no Horeb.
Na
caminhada da vida, também desanimamos. Isso acontece aquando a medida ainda é
nossa. A partir do momento que abandonarmos a nossa medida e acolhermos a
medida que Deus nos dá, a vida dá continuidade...
Elias
não contava com o inusitado de Deus. Deus supera em sua grandeza, não cabe em
nossos esquemas.
Apesar
de Elias, num primeiro momento, ter-se deixado tocar pelo inusitado de Deus,
ainda continuou amargo, triste, em crise profunda, tão comum no humano. Outra
vez, deixou-se tocar. A partir daí, sim, vai aprender o novo caminho.
O
encontro com Deus abre novos horizontes. Damo-nos conta, a exemplo de Elias,
que não somos nós, mas Deus é quem deve estar no comando.
No
Horeb, Elias não vai encontrar Deus onde ele pensa encontrar (vento impetuoso e
violento que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; na terra que tremeu;
no fogo aceso)... Elias encontra Deus onde menos pensou: no murmúrio da brisa
suave...
Temos
que aprender que a iniciativa do encontro não é nossa, mas de Deus. Não somos
nós com nossos esquemas prontos que determinamos onde Deus esteja. Ele é quem
determina.
O
valente Elias acordou para a verdadeira felicidade, a felicidade que só pode
ser encontrada em Deus. Já não é o “eu” de Elias que falará, mas Deus é quem
falará para ele, por ele. O projeto humano não se sobrepõe ao projeto de Deus.
Deus
pede que Elias retome o caminho do deserto. A missão de Elias vai ser bem mais
vasta do que ele imaginava.
Assim
também é nossa missão, que na verdade não é nossa, mas de Cristo.
O
Pe. José Augusto, referindo-se à Os 2,16, disse que é necessário que estejamos
à escuta, no aguardo do chamado de Deus.
É
perigoso nos acomodar e achar que tudo já é suficiente. O coração humano sempre
estará carente daquilo que só Deus pode nos oferecer. A cada etapa de nossa
vida, Deus faz-nos enxergar o alargamento da missão.
Falando
sobre o capítulo 34 do profeta Ezequiel disse também que precisamos ver com clareza
o exercício de nossa missão ministerial. Devemos celebrar com vontade,
dignidade, unção cada Sacramento. Devemos cuidar com caridade pastoral pela santificação
do rebanho, enquanto nos santificamos. A essência de nossa santificação é o
ministério. Temos uma obrigação de orar pelo rebanho.
Os
segredos dos abismos, intimidade, misericórdia de Deus desvendam-se somente na
cruz (noites da existência). É passando pela cruz que nos aproximamos mais de
Deus. Assim conhecemos mais a nós e a Deus. Jesus na cruz é o testemunho do “louco”
amor de Deus por nós.
Para
concluir essa palestra, foi sugerido que lêssemos Ez 34 e refletíssemos como
estamos conduzindo a nossa vida de Pastor...
[Pe. José Neto de França]
Texto produzido àa partir de minhas anotações na conferência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário