terça-feira, 4 de julho de 2017

SEDE MISERICORDIOSOS, COMO TAMBÉM VOSSO PAI É MISERICORDIOSO (Lc 6,36) - Retiro do Clero de Palmeira dos Índios-2017 - A PALAVRA - 3ª Conferencia – tarde de 04 de julho de 2017



            Complementando a reflexão sobre “as noites” da vida na conferência anterior, o pregador falou sobre um texto do Cardeal Martini. Disse ele que contemplando o mistério de Cristo crucificado e relendo os evangelhos e toda escritura chega-se a uma coerência profunda. Tudo teve e tem um sentido. Faz-nos entrar vivos na experiencia de uma vida de homens frágeis a procura de uma esperança que não nos desiluda.

            A experiência de Deus sempre é inusitada. Nós nunca poderemos abarcá-la. Cada experiência é única, nova. Necessitamos está sempre à escuta, em vigília, à procura. Essa é a grande motivação. Exige-se um reinício constante no exercício da comunhão com o Senhor.

            Buscar, caminhar! É uma aventura sempre nova; uma vivência que vai dar sempre alegria (porque é vislumbrada) e ansiedade (por estar sempre adiante).

            O sacramento nunca é pronto, completo no sentido que possamos abarcá-lo. Ele é acontecimento salvífico. É sempre novo, sempre nos diz algo diferente.

            A Igreja não pode se refugiar no rito como aconteceu um pouco nos séculos XVII e XVIII, o que trouxe consequências danosas.

            Estamos sempre na luta da “noite” ou “noites” da vida, no risco do querer ver e querer ter (tomar posse)...

            Nossa segurança nunca será nós mesmos ou o que possamos ter. Nossa segurança só pode ser Deus. Se deixarmos Ele estará sempre em nós.

            Quem estar na luta, jamais se frustrará!

            Retomando o tema central do retiro, Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36) disse o Pe. José Augusto que a experiência da misericórdia é a experiência do acolhimento. Deus quer nos tirar do anonimato e nos colocar numa experiência de comunhão. E o caminho para a comunhão começa na Palavra. Nela vamos experimentando, vivenciando a salvação.

            Baseando-se no texto de 2Tm 3,14-17, disse que sendo a Palavra inspirada por Deus, a Bíblia nos incita a escutar. A Palavra falada antecede e excede a Palavra escrita. Ela é o acontecimento salvífico que aí está. A experiência da escrita é obra de amor. Logo não devemos escutar, por ofício, mas por amor. Precisamos ter a sede pela Palavra para deixar-nos ser conduzidos por ela.

            Em Jr 15,16, Ez 3,1ss; Ap 10,8-11 - O “comer a Palavra” mostra a intimidade com Deus. Ele dá-se a nós. Ao contrário do homem, para Deus não há distinção entre o dizer e o fazer, pois o que Ele diz, faz. Mesmo quando silencia, seu silencio continua sendo ação. Seu silêncio também nos fala, pois seu silêncio também é Palavra.

            O Vaticano II nos aponta a “Lectio Divina”, “Leitura orante da Bíblia (Palavra)” como alimento para a vida e assim não nos deixarmos desanimar nas “noites” da existência. A Igreja não dá para ser cristã, a não ser pelo prisma da Palavra. Sem a Palavra perde a sua dinâmica.

            O Vaticano II não critica, ele apenas diz que o Espírito nos convoca para uma nova experiência...

            A Palavra está contida também na Tradição. Foi, por ela, que a Palavra chegou até nós. A bíblia foi escrita pelo povo de Deus, para o povo de Deus, por inspiração do Espírito de Deus.

            A Palavra tem VOZ, a REVELAÇÃO; tem ROSTO, JESUS CRISTO; tem CASA, a IGREJA; tem CAMINHO, a MISSÃO.

            Sem a Palavra não se tem uma Igreja renovada, não se tem a compreensão do mistério.

            O Documento de Aparecida fala sobre quatro eixos que a Igreja precisa urgentemente fazer acontecer:

            1 – Experiência dinâmica com Cristo;
            2 – Eclesiologia – não podemos fazer somente o que pensamos ou que nos agrade;
            3 – A formação Bíblica-doutrinal;
            4 – A missionariedade.

            Em relação a Palavra, nenhum de nós somos donos dela, somos sim, seus servos. Não podemos querer dizer o que ela não diz.

            O Sacerdote é o homem de Deus, pertence a Deus; faz pensar em Deus.

[Pe. José Neto de França]

Texto produzido a partir de minhas anotações  na conferência.

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