Nasce
no Concílio Vaticano II um novo enfoque sobre Maria. Nada se tirou dela, mas
foi-lhe dado um lugar de destaque, privilégio na Igreja. A Igreja vai se ver
representada em Maria. Ela, Maria, é discípula e modelo. Seu lugar no povo de
Deus é singular.
O
Padre tem que ter o coração de pastor para entender a situação do povo de Deus.
Ele ensina, mas também aprende. Ele evangeliza, mas também é evangelizado. Ele
anda com o povo, mas também caminha com ele.
Todo
batizado é sujeito na Igreja, tanto quanto o Sacerdote ministerial, cada um no
seu devido lugar, mas que devem interagir; um procurando compreender o outro.
A
Igreja vai ser vista a partir do Vaticano II como Sacramento. E, como todo
Sacramento é mistério, o sacerdote não deve “prender” a Igreja a si. É certo
que ele é a cabeça da comunidade, mas para que a cabeça “viva”, deve estar
ligada ao corpo.
O
olhar sobre Maria parte agora deste olhar da Igreja.
Jesus,
Sacramento do Pai é quem vai “visibilizar” a Igreja como Sacramento. Quando
recebemos cada sacramento, estamos recebendo essa “visibilidade”...
O
Documento de Aparecida retoma o Capítulo 8 da Lumen Gentium...
Maria
é a discípula mais perfeita do Senhor. Ela é interlocutora do Pai em seu
projeto de enviar seu Filho para salvação do mundo. Maria nos coloca no
mistério de Cristo. Ela teve uma missão única na história da Salvação. Ela
concretiza; é a síntese de toda expectativa, caminhada de fé das mulheres do
povo de Deus da Antiga Aliança.
Na
cruz, a maternidade de Maria é confiada aos discípulos, na pessoa de João. Em
Maria encontramo-nos com Cristo, com o Pai, o Espírito Santo e com todos os
irmãos e irmãs.
Um
dos eventos fundamentais da igreja foi o “sim” de Maria.
Maria
é para nós, escola da fé destinada a nos conduzir e fazer com que nos
encontremos com Deus.
Maria
nos ensina o primado da escuta da Palavra.
Ela
é a mãe da Palavra encarnada. Sua familiaridade com Jesus deve ser sempre
meditada.
Não
podemos nos esquecer de que a Igreja se sacia do mistério de Jesus Eucarístico,
sinal de que ele, o próprio Jesus se aniquilou, em favor do mundo inteiro, até
a morte e morte de cruz.
O
Cântico de Maria é, assim, para nós uma interpretação da vida de Cristo, da
Eucaristia, da Igreja.
Precisamos
saber, como Maria, escutar para assim compreendermos e partirmos para a ação.
Para
encerrar essa última conferência, o pregador, Pe. José Augusto leu um pequeno
texto intitulado “Paradoxo” retirado do livro “Corpo: Território do Sagrado, de
Evaristo Eduardo de Miranda, Ed. Loyola:
“Paradoxo: a água pede de beber. Jesus é a fonte que tem sede de ser
bebida. Como entender esse chamado de Deus? A Fonte pede para ser reconhecida,
pede tempo e atenção. Dá-me do teu silêncio, da tua solidão. Essa é nossa água,
que podemos ofertar a Deus. Quem está disposto a dedicar para Deus uma parte do
tempo de silêncio que entrega à televisão? Deus pede nosso silêncio, atenção e
contemplação. É sempre uma surpresa ser chamado do fundo do Ser. Sentir-se
esperado, desejado, por um Si que é mais que o nosso si-mesmo. Por um Todo
Outro que si-mesmo. Pelo Desconhecido das profundezas. E desse primeiro
despertar nasce o espanto: Porque eu? Porque “mim”? Isso é outra história,
outro paradoxo, que a samaritana também vai descobrir. Mas hoje nos basta o
convite a um pequeno voto de silêncio, como entrega gratuita a um Deus que, no
fundo de nosso coração, pede de beber.”
(Copiado do livro “Corpo:
Território do Sagrado, de Evaristo Eduardo de Miranda, Ed. Loyola:
Pe.
José Neto de França
(Texto
produzido a partir de minhas anotações na conferência)
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