segunda-feira, 17 de julho de 2017

O MUNDO, O HOMEM E A FÉ



            Quão grandioso é o cosmo exterior ao homem! Mas, mais grandioso e espetacular é o “cosmo” que existe dentro dele.

            Aves, animais de todas as espécies, florestas, montes e vales, cidades, campos, seres diversos... Do ponto de vista humano, existencial, nada se compara ao mundo interior, ao “eu” existente em cada homem ou mulher, independente da idade, não importando a raça, cultura, cor... Mais grandioso e espetacular é o próprio mundo, nato ao homem, que vai sendo desvelado, a partir de seu refletir e de seu confronto com o mundo exterior.

            O “espetáculo da natureza” existe, por si mesmo, mas não existe se o homem não se der conta de sua existência. Quando este percebe o que há em sua volta, sua imaginação/intelecto dá forma, mensura, gradua a beleza, acolhe, repudia, guarda-o no “arquivo” de sua memória consciente, que depois será rearquivada no “inconsciente”, dependendo da impressão causada no impacto inicial.

Cada ser existente no mundo exterior é como um “gatilho” pronto a ser puxado para que a “arma” - intelecto - dispare e o “existencial” exterior seja percebido pelo interior, passando a existir para este.

De um lado está o homem, sedento de conhecimento querendo, consciente ou mesmo inconscientemente, fazer sua história. Do outro lado está o mundo que fustiga, provoca, desafia esse ser que vai se fazendo...

É uma história entre múltiplos e necessários contraditórios. Múltiplos porque os seres são diversos; contraditórios porque cada ser é único e, em se tratando do homem, este necessita de ser desafiado para que possa se dá conta que existe, é um ser pensante e necessita colocar para fora de si aquilo que está dentro dele: suas potencialidades, aptidões...

Quanto mais ele “se lança” diante das situações que o mundo coloca à sua frente, ou que ele mesmo cria, mais ele reage e interage com o meio, mais ele gradua, refina seu intelecto, “se descobre” como ser inteligível. Toma consciência de sua importância social. Mas isso ainda é pouco.

Do ponto de vista existencial cristão, não basta ele graduar, refinar sua mente. É necessário também saber controlá-la. É aí que é necessária a fé.

Se pela inteligência o homem se dá conta do que está a sua volta, pela fé ele aprende a respeitar a si, ao outro e a própria natureza.

Pela fé ele vai perceber que sua realização como ser não está no que apreende ou deixa de apreender, no que o outro é ou deixa de ser, mas na capacidade de administrar essa interação. Verá ele que o mais importante é buscar no outro o que falta em si e oferecer ao outro o que carece neste.

Assim, ele, o homem, se dá conta de que alicerçado na fé e no refino de sua inteligência, quanto mais se aprofunda na sobrenaturalidade existencial entre os dois mundos, interior e exterior, mas ele se faz, se potencializa, se realiza...


FRANÇA, Pe. José Neto, "Os desafios da fé", 1ª ed; pg 99-100;
SWA Instituto Educacional Ltda, Santana do Ipanema, AL, 2015.

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