Quão
grandioso é o cosmo exterior ao homem! Mas, mais grandioso e espetacular é o
“cosmo” que existe dentro dele.
Aves, animais de todas as espécies,
florestas, montes e vales, cidades, campos, seres diversos... Do ponto de vista
humano, existencial, nada se compara ao mundo interior, ao “eu” existente em
cada homem ou mulher, independente da idade, não importando a raça, cultura,
cor... Mais grandioso e espetacular é o próprio mundo, nato ao homem, que vai
sendo desvelado, a partir de seu refletir e de seu confronto com o mundo
exterior.
O “espetáculo da natureza” existe,
por si mesmo, mas não existe se o homem não se der conta de sua existência.
Quando este percebe o que há em sua volta, sua imaginação/intelecto dá forma,
mensura, gradua a beleza, acolhe, repudia, guarda-o no “arquivo” de sua memória
consciente, que depois será rearquivada no “inconsciente”, dependendo da
impressão causada no impacto inicial.
Cada ser existente no mundo exterior é como um
“gatilho” pronto a ser puxado para que a “arma” - intelecto - dispare e o
“existencial” exterior seja percebido pelo interior, passando a existir para
este.
De um lado está o homem, sedento de conhecimento
querendo, consciente ou mesmo inconscientemente, fazer sua história. Do outro
lado está o mundo que fustiga, provoca, desafia esse ser que vai se fazendo...
É uma história entre múltiplos e necessários
contraditórios. Múltiplos porque os seres são diversos; contraditórios porque
cada ser é único e, em se tratando do homem, este necessita de ser desafiado
para que possa se dá conta que existe, é um ser pensante e necessita colocar para
fora de si aquilo que está dentro dele: suas potencialidades, aptidões...
Quanto mais ele “se lança” diante das situações que o
mundo coloca à sua frente, ou que ele mesmo cria, mais ele reage e interage com
o meio, mais ele gradua, refina seu intelecto, “se descobre” como ser
inteligível. Toma consciência de sua importância social. Mas isso ainda é
pouco.
Do ponto de vista existencial cristão, não basta ele
graduar, refinar sua mente. É necessário também saber controlá-la. É aí que é
necessária a fé.
Se pela inteligência o homem se dá conta do que está a
sua volta, pela fé ele aprende a respeitar a si, ao outro e a própria natureza.
Pela fé ele vai perceber que sua realização como ser
não está no que apreende ou deixa de apreender, no que o outro é ou deixa de
ser, mas na capacidade de administrar essa interação. Verá ele que o mais
importante é buscar no outro o que falta em si e oferecer ao outro o que carece
neste.
Assim, ele, o homem, se dá conta de que alicerçado na
fé e no refino de sua inteligência, quanto mais se aprofunda na
sobrenaturalidade existencial entre os dois mundos, interior e exterior, mas
ele se faz, se potencializa, se realiza...
FRANÇA, Pe. José Neto, "Os desafios da fé", 1ª ed; pg 99-100;
SWA Instituto Educacional Ltda, Santana do Ipanema, AL, 2015.
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