Todos
nós temos uma história particular, história essa que está intrinsicamente
ligada à história de nossa família, comunidade, município, estado, país,
universo.... Também ela está impregnada da religiosidade ou não que abraçamos
ao longo de nosso existir.
Essa
história foi sendo construída desde o ventre materno (não levando em
consideração as questões genéticas que trazemos de nossos antepassados).
A
arte de se comunicar foi e continua sendo fundamental para a construção do
histórico de nossa vida.
O
ser humano, diferentemente dos outros seres criados, necessita dessa
comunicação. Somente o ser humano se dá conta de que o mundo se comunica, de
algum modo, com ele. Ele e seus semelhantes se comunicam entre si e, por que
não, ele se comunica com ele mesmo.
É
justamente que, a partir daí, se dá conta de que não vive sozinho, mas em
sociedade, no sentido de que precisa do próximo, independente de quem seja este
próximo, além da necessidade de não somente gerar, mas fazer parte da própria
cultura. Também sente a importância de pensar não somente no “eu”, mas também
no “outro” formando um “nós” onde o compromisso ultrapassa o limite do
individual para mergulhar no coletivo.
Desta
forma, tudo que faz tende à promoção sociocultural-religiosa. O bem que queira
ao outro é seu próprio bem, como o mal que faça ao outro é seu próprio mal; a
alegria do outro é a sua alegria; a felicidade, a vitória do outro é também a
sua felicidade, vitória...
Ainda
nessa perspectiva, pensar, formar juízos, mesmo no chamado “senso comum” é
comum a todos os seres humanos. Transformar a realidade em pensamento e
pensamento em escrito é mais restrito. Por quê? Justamente pelo fato de que, se
o homem não exercita seu pensar, “mergulhando” nos acontecimentos do quotidiano
da vida, na cultura universal, certamente restringe seu universo cultural,
limita seu raciocínio lógico, forçando sua permanência na superficialidade do
mundo interior e exterior. E, se não instiga seu pensar, está fadado a grandes
perdas.
Os
tipos de comunicação são diversos. Detenho-me aqui, de uma forma toda especial,
na comunicação falada e escrita. São tipos de linguagens diferentes. O falar,
mesmo quando culto, carrega um pouco de “coloquialidade”. São ordens,
pedidos, conversas, debates, discussões, formalidades, informalidades... Já a
linguagem escrita, deve obedecer determinados critérios, dependendo do estilo
de texto, como por exemplo: linguagem técnica, narrativa, discursiva,
literária, jornalística, etc.
Acredito,
por experiência própria, que, se desde a mais tenra idade o homem for
direcionado, educado, entre tantas coisas, na leitura, este não somente
refinará seu pensar, como seu falar e, sobretudo, seu escrever.
Quem
não tem o hábito de ler, tem uma grande dificuldade de interpretar e, mais
ainda de produzir um texto, por menor que este seja. Estudar gramática e não
criar o hábito de ler é como aprender uma língua estrangeira e não exercitá-la.
Uma vírgula, um ponto ou ponto e vírgula, um acento desconsiderado pode ser um
desastre na interpretação de um texto. Isso porque o “leitor” pode forçar o
texto a “dizer” o que ele não diz.
Com
a graça de Deus, faço parte daqueles que, dentro dos meus limites, tenho
condições de produzir textos. Como começou?
O
ensino vigente no meu período de infância e adolescência, na década de sessenta
e início de setenta, priorizava a leitura. Ditado, leitura em voz alta, tanto
de palavras soltas, como de frases inteiras, redação, caligrafia eram
atividades frequentes em salas de aula, somando-se a isso as diversas
atividades denominadas “lições de casa”. Também tive a graça de ter
professoras/es que me incentivaram a ler. Além de ser cobrado não somente na
escola, mas também no seio familiar.
Ainda
adolescente, tendo acesso fácil à Biblioteca municipal de Santana do Ipanema,
li praticamente todos os livros infanto-juvenis, além de clássicos da
literatura universal como “Os Lusíadas” de Camões e “A Divina Comédia” de Dante
Alighieri. Tive acesso a dezenas de livros de estórias em quadrinhos ou mesmo
de outras obras voltadas para adolescência e juventude da época. Viajei por
lugares longínquos, visitei países reais e imaginários, ultrapassei o
universo... Tudo através da leitura.
Junto
ao hábito de ler, nasceu também em mim o de “imaginar”. Este foi um segundo
momento. Foi como que uma “ponte” para desenvolver e chegar ao ato de escrever.
Quando
não tinha as chamadas “lições de casa”, ou mesmo, quando espontaneamente já
tinha revisto alguma matéria que fora ministrada na sala de aula, ou ainda
finalizado alguma pesquisa de meu próprio interesse, reservava um momento no
dia para “imaginar”. Logicamente que, na origem desse “imaginar”, estavam as
estórias e história da vida.
Fazia
isso de duas formas: retirava-me, normalmente no meio da tarde ou à noite aos
meus aposentos, deitava, procurava me desligar do mundo real e mergulhava no
imaginário. Ali “inventava” estórias de todos os estilos, seguindo a idade em
que me encontrava. Fui mocinho e bandido; protagonista e antagonista; por vezes
mero narrador... Normalmente eu acabava adormecendo no “meio” da estória... Era
divertido! Era também uma espécie de terapia. Fazia-me um bem imenso. Nessa
fase, meu imaginar centrava na ficção, embora em certos momentos introduzia
personagens e situações “reais”.
Nesse
período, ainda não estava preparado, pelo menos não pensava em escrever.
Terminando
a adolescência, indo residir na capital paulista por doze anos e retornando à
minha terra natal, muita coisa mudou. O estilo de vida numa cidade com um
acesso cultural bem mais amplo e uma vontade de “conhecer”, cada vez mais,
muita leitura; a experiência de vida acumulada fez-me mais maduro. Meu universo
cultural também.
Os
cursos de Filosofia e Teologia que cursei no Seminário Arquidiocesano de Maceió,
após minha experiência na capital paulista, foram decisivos para que
desenvolvesse e tomasse gosto, fascínio pelo escrever.
1º Livro: Não ser...
Ser! Viver: um grande desafio
No
meu período acadêmico, compus minhas primeiras poesias. Uma palavra, uma frase
que ouvia, fosse em sala de aula, durante uma leitura ou em qualquer lugar...
Estas, às vezes, tocavam-me de forma diferenciada, e, em questão de minutos, a
poesia estava pronta. Já ordenado sacerdote, fascinado pelo existir humano,
continuei a compor.
No segundo semestre de 1995, no
meu primeiro ano de sacerdócio ministerial, preparando uma palestra para jovens
estudantes, interessei-me bastante pelo tema proposto, “Viver: um grande
desafio”. A empolgação foi tanta que, enquanto produzia o texto a ser
apresentado, nasceu também a ideia de produzir um livro. Não seria difícil. A
primeira parte seria o texto da palestra, em forma de prosa. A segunda parte
seria composta de poesias voltadas para o existir humano. A introdução e a
conclusão era o de menos. Estava decidido, mas teria que amadurecer um pouco
mais.
Passaram-se alguns anos. Já na
minha primeira paróquia tomei a decisão final. Convidei o bispo de Palmeira dos
Índios, na época, Dom Fernando Iório, para redigir o prefácio. Este, amante da
literatura, aceitou de imediato. Tudo pronto, enviei a algumas editoras, como a
Paulinas, Loyola, Ave Maria, Vozes, etc, mas não obtive sucesso. Assumir os
custos numa editora independente, no momento, era inviável. Suspendi o projeto,
mas não a ideia.
No ano de 2008, realizei esse
sonho. Convidei o atual bispo de Palmeira dos Índios para fazer a apresentação,
e, com a ajuda de amigos, enviei o material a uma editora independente. No dia
21 de junho de 2008, na AABB, em Santana do Ipanema/AL estava lançando meu
primeiro livro.
Neste primeiro livro, abordo o
fascínio do existir humano onde o homem, tomando consciência de que não é um “acidente”,
uma fatalidade, também percebe que, por ser privilegiado por Aquele que o
criou, deve exercer seu “existir” dentro de situações concretas, do “aqui”, do
“hoje”, como prólogo do amanhã.
Levo
o leitor a perceber que, enquanto ele “está no mundo”, ele simplesmente “é”. Em
relação a qualquer que seja o referencial, ele pode existir ou não. Mas em
relação a ele próprio, em seu intelecto, suas emoções, paixões, ele só existe
verdadeiramente quando é capaz de gerar motivações que dê sentido ao palmilhar
de sua existência.
Faço-o
perceber que ele é livre (nenhum ser criado pode impedi-lo) para pensar e
refletir. Seu pensamento pode aproximá-lo ou afastá-lo das verdades (conhecimento
dos outros seres) ou da Verdade Suprema: Deus. Faço-o “ver” que pensar bem é
uma virtude. A meditação, fruto de um reto pensar, leva o homem ao refinamento
de seu espírito.
2º Livro: Paróquia de
São Cristóvão: Panorama Histórico pastoral
Neste segundo livro, traço um “panorama
histórico-pastoral” sobre a paróquia de São Cristóvão de Santana do Ipanema/AL
Nasceu a partir de uma pesquisa feita em cada comunidade
da paróquia. Queria saber o que o povo dizia sobre a origem de cada comunidade
e como ela se encontrava no momento presente.
Ele foi lançado no dia 26 de fevereiro de 2011 durante o
último encontro de comunidades realizado por mim na dita paróquia enquanto fui
pároco dela.
3º Livro: Fragmentos de
mim
“Fragmentos de mim” é o meu terceiro livro, onde sigo uma linha
semelhante ao primeiro, intitulado “Não
Ser... Ser! Viver: um grande desafio”.
Nele, com um matiz existencial/contemporâneo/cristão, manifesto um
estilo poético filosófico.
“Fragmentos
de mim” retratam momentos do outro e de mim. De mim porque procuro “construir” com palavras o que meu
existencial está vivendo em momentos específicos de minha trajetória na linha
do tempo e do espaço. Do outro, porque o que vivo reflete, em parte, o que
absorvo do meu convívio na sociedade fazendo com que, quem quer que seja o
outro, também se identifique com o que manifesto.
Seu
lançamento aconteceu em Santana do Ipanema, no dia 23 de agosto de 2013.
4º Livro: Desafios da fé
Em
meio a tanto do que já se falou ou se fala diariamente em questão de fé, “Os desafios da fé” é, assim, uma
coletânea de textos independentes, que tem como pretensão levar o leitor à
reflexão desse tema, numa perspectiva cristã em relação a si mesmo, ao outro e
a Deus.
Entre tantas vertentes presentes na vida do
homem, está a dimensão da fé. Esta, independentemente de qualquer tendência
social, marca profundamente seu existir; mais ainda, norteia sua própria
história.
O homem, por sua própria essência, está sempre crendo em
alguma coisa: no outro, em si mesmo, em Deus... Dizer não acreditar em nada é
contradizer a si próprio.
Lançado,
em Santana do Ipanema no dia 14 de agosto de 2015.
5º Livro: Retalhos da vida
Nesta obra, abordo, de forma poética, além de momentos, “retalhos” do
meu existir, temas como política, natureza, religiosidade ou mesmo abstrações
diversas; algumas, enigmáticas; coisas da vida! Em um interessante jogo de
palavras dou sentido à “vida”, extrapolo a arte, coloco-me para fora, torno-me
conhecido um pouco de mim mesmo. Faço uma espécie de catarse onde alivio o
“peso do existir”, as pequenas e grandes coisas que povoam minha memória.
Procuro
fazer o leitor identificar-se com cada palavra, poesia; sentir também a
necessidade de descobrir a si próprio e em si mesmo, como pessoa e como parte
da sociedade, sentimentos, às vezes, adormecidos pelo não exercício do pensar.
Lançado,
simultaneamente com “Os desafios da fé”, em Santana do Ipanema no dia 14 de
agosto de 2015.
- CD: Pensar: Por que pensar?
São
apenas sete poesias retiradas de sua primeira obra, “Não Ser... Ser! Viver: um grande desafio” e musicadas pelo Pe.
Antônio de Pádua Santos Sobrinho e por ele. Cada música, por ele interpretada,
é iniciada com um pequeno comentário objetivando a reflexão do ouvinte.
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A
minha formação cristã, familiar e acadêmica fez-me desenvolver um estilo
próprio.
No geral, não me prendo
a nenhuma corrente especificamente. Tenho minha forma de pensar, enxergar o
mundo. Procuro ver o outro, o cosmo, a mim mesmo de diversos ângulos, tirando
conclusões, mesmo provisórias, já que a existência está em constante “devir”.
Compondo sem me
preocupar com métrica ou rima, "truncando"
palavras, omitindo na maioria das vezes artigos, pronomes, verbos; "jogando" muito frequentemente com
os "contrários", provoco
intencionalmente o leitor, numa tentativa de fazê-lo despertar para a vida,
seja intelectual, seja existencial. Vejo também no "outro", motivação para "olhar" para mim mesmo... Nesse “jogo” de olhar, ver, sentir, imaginar, amplio, alargo minha visão
do mundo à minha volta; vejo o que uma visão empírica deixaria escapar, não me prendendo à superficialidade nem
tampouco estacionando na “locomotiva”
da vida.
“Ler”
foi para mim a porta de entrada para o universo cultural das letras.
Hoje,
após cinco livros lançados, alguns no processo de escrita, já participei de
duas Bienais Internacionais do Livro. Sou responsável pela edição, diagramação
e direção do Jornal da Diocese de Palmeira dos Índios; tenho vários artigos
publicados; fui reconhecido como escritor; faço parte da Academia Santanense de
Letras, Ciências e Artes – ASLCA, assumindo a cadeira que tem como patrono o
Pe. Francisco José Correia de Albuquerque; faço parte como SÓCIO CORRESPONDENTE
da APALCA - Academia Palmeirense de Letras Ciências e Artes; sou membro da
AAI - Associação Alagoana de Imprensa, sob nº 659. Além das atividades
culturais e de imprensa das quais faço parte, exerço o meu ministério
sacerdotal há um pouco mais de 21 anos.
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