Entre tantas coisas que caracteriza uma
pessoa, uma cultura, estão suas vestimentas.
Pelas
vestes de uma pessoa você pode ter indícios de sua personalidade, seus gostos,
sua espiritualidade, sua cultura...
Mas,
será que a forma como você se veste revela realmente quem você é?
- Não necessariamente!
Recordo-me
de uma discussão surgida durante um seminário de estudos, no qual estava
presente, em julho de 1999, em Leggiuno, Itália, ocasião em que participava de
um Curso Internacional para formadores de Seminários Diocesanos. Um sacerdote
africano fez uma colocação falando que todos os cléricos deveriam, obrigatoriamente,
vestir-se a rigor, “clergyman” ou “batina”, no seu dia-a-dia. Procurou
justificar sua fala no fato de que seria facilmente reconhecido em qualquer
lugar que chegasse.
Ora,
ouvindo, sem se preocupar com o senso crítico, até que ele poderia ter razão.
Tanto porquê, nessa mesma viagem que fiz a Itália, na saída do Brasil, um
sacerdote que me acompanhou na ida, não estava de “clergyman” e foi “revistado”
na passagem para a ala de embarque, enquanto eu que estava, não fui.
Porém, na escala/conexão
em Lisboa, os dois, ele e eu fomos revistados. Esse segundo fato derrubou o
argumento do padre africano.
Nos
diversos argumentos prós e contras que se deram a partir da colocação do
referido sacerdote, foi citado o caso de um traficante preso em um aeroporto,
não me recordo se europeu ou asiático, vestido como um sacerdote.
As
vestes, de fato, são importantíssimas. Cada pessoa, ao se vestir, deve se
adequar a sua cultura, seus gostos, aos eventos que participa; sempre com
sobriedade, evitando escândalos...
Eu,
como sacerdote, normalmente em solenidades estou de “clergyman” ou de batina; em
algumas viagens uso “clergyman”... mas não dispenso uma outra vestimenta
sóbria, respeitosa, de acordo com o meu gosto, minha idade. Isso não altera a
essência de meu sacerdócio ministerial. Importa que em me sinta bem, sem gerar
transtornos para os outros ou para mim.
“Clergyman” ou a batina são importantes
no contexto clerical, mas não essencial… O valor do sacerdote não está em suas
vestimentas, mas no seu coração, suas palavras, suas atitudes… As roupas, como
o corpo físico são temporais; o sacerdócio é eterno: “Tu és sacerdos in
aeternum”.
Prova disso é que são incontáveis os
pedófilos e afins que ao longo da história da Igreja se travestiram de roupas
clericais para esconderem suas patologias… Nas profissões seculares, também.
Portanto,
o vestir não revela necessariamente quem você seja!
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